A Dois Minutos do Infinito (em inglês Beyond the Infinite Two Minutes), é baseado na curta-metragem Howling (2013) realizada por Makoto Ueda, que acompanha durante 11 minutos, num único take, a produção de um eco no tempo com o uso de duas televisões. Numa era de domínio dos efeitos especiais esta curta foi filmada em formato analógico e os longos takes utilizados na sua produção chamaram à atenção. Makoto Ueda estava decidido a transportar esta maneira de filmar para uma produção mais ambiciosa.
Assim, com a ajuda na realização, edição e fotografia de Junta Yamaguchi, A Dois Minutos do Infinito foi um trabalho a duas mãos, com Ueda responsável pela história e argumento. Produzido pelo popular grupo de teatro Europe Kikaku, na sua primeira produção em cinema, conseguiram em 70 minutos expandir o universo das viagens do tempo, para a longa-metragem. É fortemente inspirado no Efeito Droste, que consiste no efeito produzido por uma imagem que aparece dentro dela própria, como por exemplo uma pessoa a segurar uma fotografia sua, que por sua vez está também a segurar essa mesma fotografia, numa repetição aparentemente infinita.
Filmado num café em Nijo (Kyoto), a história acompanha Kato, proprietário do mesmo, que habita no mesmo edifício onde trabalha. Um dia, quando está em casa, recebe uma mensagem vinda de si próprio no café, precisamente dois minutos no futuro. Com a ajuda de alguns amigos e da funcionária do café (Riko Fujitani), começam a pensar na melhor forma de poder aproveitar estas viagens no tempo, para proveito próprio. Mas o futuro tem outros planos e as coisas complicam-se com as constantes trocas no tempo e o aparecimento de personagens misteriosas e muitos problemas.
Não estava familiarizado com o Efeito Droste, mas fiquei convencido no final dos primeiros minutos que queria saber mais sobre o impacto das viagens no tempo nestas personagens. E este é um dos pontos fortes do filme. A possibilidade de ver o futuro acentua o efeito humano de tirar o máximo partido das oportunidades que surgem na nossa vida.
Original será a palavra que melhor define a ideia por detrás deste filme, mas amadorismo é o que sentimos no final da sua exibição. O que ao início é uma premissa original começa a tornar-se repetitivo enquanto o passado fala com o futuro e vice-versa, e mesmo a introdução de conflito e de algumas surpresas inesperadas não conseguem mascarar o facto de ser uma ideia perfeita para uma curta, mas difícil de estender até aos 70 minutos. A resolução do conflito acaba por salvar o filme e dar-lhe um charme difícil de explicar, aplicando novamente a máxima do cinema que o amor vence tudo, mesmo viagens no tempo de 2 minutos. Visualmente não é propriamente apelativo e os longos takes, que ao princípio parecem perfeitos, caem no exagero, fazendo com que o movimento constante e ininterrupto dê o tal aspecto amador ao filme.
Ueda e Yamaguchi trazem o sci-fi e aliam-no à comédia e à sua imensa paixão de cinema para nos trazer esta história original, em que o tempo é o actor principal. O charme e o trabalho necessário para levar ao ecrã esta premissa são inegáveis, assim como o amor em cada segundo do filme, mas não consegue esconder o efeito de repetição, obviamente quase impossível de evitar tendo em conta o tema do filme. A Dois Minutos do Infinito acaba por ser aconselhável mas não indispensável.
Ps: Nota de mérito para o processo de making of, que pode ser visto durante os créditos finais, permitindo à audiência perceber o que implicou a produção desta ideia ambiciosa.