Realizado pela dupla Barbara Bialowas e Tomasz Mandes, 365 Days: This Day é uma sequela do filme 365 Dni (2020), e durante quase duas penosas horas acompanhamos Laura (Anna-Maria Sieklucka), agora casada com Massimo (Michele Morrone), a tentar lidar com o seu casamento, enquanto Nacho (Simone Susinna), um homem disposto a tudo para a conquistar, entra na sua vida no momento mais vulnerável.
É difícil dizer se foi mais confrangedor escrever esta sinopse ou saber que a Netflix investiu dinheiro neste filme. Só a sinopse tem mais conteúdo do que a própria “história”, o que já reflete uma pequena ideia do desastre.
Durante quase duas horas, o filme concentra-se somente em cenas de sexo e montagens que parecem ter saído diretamente de um videoclip. É tão evidente que os realizadores não quiseram saber do argumento que chegaram ao ponto de descartar, quase por completo, o gancho do final do primeiro filme. Simplesmente revelando o acidente como desnecessário para a história e vomitando novas informações para forçar uma continuação.
Nesta sequela, é apresentada uma nova personagem, Nacho, contratado como jardineiro, que chega para abalar o mundo de Laura, criando um triângulo amoroso com uma revelação absolutamente absurda e sem qualquer traço de lógica. O suficiente para questionar a inteligência de todas as personagens.
Para apreciar este filme, para além de ser necessário não ter nenhuma referência cinematográfica, é preciso ter uma capacidade enorme para ignorar o ridículo. Para aceitar cenas como o momento onde Laura descobre que Massimo tem um irmão, e fica chateada por este nunca o ter revelado. Contextualizando, para os leitores que tiveram a proeza de esquecer o primeiro filme, Laura foi raptada, apaixonou-se e decidiu casar com o seu sequestrador, que por acaso é líder de uma máfia, contudo, aquilo que realmente incomodou esta personagem foi o facto de Massimo nunca mencionar um irmão. Informação bastante conveniente para a história, porque caso contrário o filme seria 10 minutos.
Na verdade, é bem plausível que os realizadores tenham optado por se focar nas cenas de sexo e nos videoclips, para proteger a audiência do argumento. O problema da história torna-se irrelevante quando os diálogos parecem escritos por alguém que nunca conversou com outra pessoa. A receita para o fracasso fica completa quando se adicionam atuações que nem são dignas de um Razzie.
365 Days: This Day conseguiu a proeza de fazer com que o primeiro filme parecesse o Citizen Kane (1941) dos tempos modernos. Os realizadores perceberam que existe uma audiência para este género de projetos e decidiram inventar um plot irrelevante para que a Netflix pudesse adicionar este filme à sua plataforma e não noutro tipo de sites.